segunda-feira, 9 de maio de 2011

Arte Renascentista, uma nova perspectiva do mundo.

            No final da Idade Média, a nova camada social chamada de burguesia precisava combater a cultura medieval, pois era necessário construir uma imagem no qual ela fosse não mais uma porção inferior e sem importância, mas o centro da sociedade.
As famílias italianas prosperavam com os negócios bancários e comerciais e passaram a utilizar sua riqueza para incentivar as artes como uma busca por autopromoção. Esses financiadores de uma nova cultura eram chamados de mecenas, isto é, protetores das artes. 
A região Norte da Itália é considerada o berço da arte renascentista, sendo que várias influências contribuíram para isso. A preocupação com a realidade material do mundo, a contemplação da natureza, o otimismo da vida, a beleza dos elementos e o aumento da curiosidade pela arte e cultura clássica a partir do surgimento do humanismo. Com base nesses fatores alguns pintores passaram a dar a suas imagens um traço mais humanizado, produzindo uma certa ilusão de espaço e movimento em suas composições.
O grande mestre desse estilo foi Giotto (1266-1337), que criou uma arte original. As personagens de suas pinturas preservavam sua individualidade, tendo cada qual traços fisionômicos, vestes e posturas diferenciadas, além de expressões que demonstravam seu estado de espírito. Giotto também dava destaque para o volume buscando uma tridimensionalidade e essa técnica fez com que o pintor desenvolvesse uma concepção mais nítida de espaço, dando efeito de profundidade em suas composições. Essa nova concepção do espaço em profundidade, ou em perspectiva, será o eixo de toda a nova pintura praticamente até os fins do século XIX.
A Lamentação de Giotto.

O novo estilo artístico tinha uma preocupação de dar às pessoas, objetos e paisagens retratados uma aparência mais natural, sendo que uma arte desse tipo impressionava mais os sentidos que a imaginação e proporcionava muito mais o desfrute visual ao invés da meditação interior.
Contudo, as técnicas introduzidas por artistas como Giotto necessitavam de um acabamento mais minucioso, afinal nem todas as dimensões do espaço retratado se submetiam à mesma orientação de profundidade. Essa técnica ficou conhecida como perspectiva intuitiva.
A origem da perspectiva matemática, ou perspectiva exata, em que todos os pontos do espaço retratado obedecem a uma norma única de projeção, deveu-se a Filipo Brunelleschi (1377-1446).
       Perspectiva Linear. A nave central de São Lorenzo de Brunelleschi
Utilizando uma perspectiva central quanto maior a distância com que os objetos e elementos são percebidos pelo olhar do pintor, tanto menores eles aparecem no quadro. Obtém-se assim uma completa racionalização do espaço e das figuras pintadas que dá aos quadros um tom de uniformidade e homogeneidade. Desse modo, estabelece-se a relação entre o “olhar fixo’ do pintor fora do quadro e o ponto de fuga no seu fundo. Assim, quem olhar o quadro obterá exatamente a visão do artista e terá sua observação dirigida, sendo que só fica aberta uma única leitura da obra.

                            Teoria da perspectiva de Dürer.
O desenvolvimento técnico empregado na composição estava dessa forma tão desenvolvido que não estava mais à altura do artesão comum. A perspectiva linear envolvia necessariamente o domínio de noções de matemática, geometria e óptica. As diferenças de coloração impostas pela profundidade impunham um estudo da luz, do reflexo, da refração, das cores e portanto, das tintas, dos pincéis e das  telas. A representação realista da figura humana exigia o estudo da anatomia.
Dessa maneira a arte sai de um universo de artesanato e adentra a um círculo de cultura superior. Logo, o pintor não era mais um artista, mas sim um cientista, categoria que elevava seu status social. A partir daí, não havia mais como separar arte de ciência, ambas representavam a aventura burguesa da conquista de um mundo aberto e de riquezas.
O sucesso desse novo estilo foi imediato atraindo os interesses das camadas urbanas, afinal a perspectiva linear derivava de uma série de práticas e procedimentos que já se haviam tornado habituais para a nova elite burguesa. O espaço da arte renascentista é rigorosamente concentrado, o seu princípio fundamental é o da unidade e da unificação: unidade de espaço, unidade de tempo, unidade de tema e unidade na composição sob as regras estabelecidas pela proporção matemática. Assim, a arte renascentista reflete a mentalidade de uma época com novos interesses estabelecidos nessa transição da Idade Média para Idade Moderna com um mundo marcado pelos esforços da unificação: unificação política com o aparecimento do Estado Moderno, unificação geográfica por meio dos mapas estabelecidos com as grandes navegações e a unificação da natureza através das leis universais.



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